- por Marcos Gimenez
- on 15/11/2024
Rápido aumento de objetos em órbita representa séria ameaça à exploração espacial
O professor da Universidade do Arizona, Vishnu Reddy, destacou a preocupação crescente entre cientistas sobre a chamada “síndrome de Kessler”
Os cientistas estão cada vez mais preocupados com o rápido aumento da quantidade de detritos espaciais ao redor da Terra, o que poderia levar a um evento catastrófico, disse Vishnu Reddy, professor da Universidade do Arizona, em entrevista à CNN. A chamada “síndrome de Kessler” é um processo hipotético que poderia levar à total inadequação do espaço próximo à Terra para satélites, devido a colisões em cadeia entre objetos espaciais.
De acordo com essa hipótese, a colisão de dois objetos espaciais na órbita da Terra geraria muitos fragmentos, que por sua vez atingiriam outros objetos e criariam um efeito dominó. Com o tempo, mais e mais fragmentos de detritos preencheriam o espaço próximo à Terra, tornando a exploração espacial extremamente difícil, se não impossível.
Reddy destacou que o maior perigo dos detritos espaciais está na órbita geoestacionária, a cerca de 35.000 quilômetros da Terra, onde os satélites de telecomunicações orbitam nosso planeta. Ele alertou que a humanidade ainda não tem uma maneira rápida de limpar essa órbita, o que agrava ainda mais a situação.
A última grande colisão acidental entre dois objetos espaciais ocorreu em fevereiro de 2009, quando um satélite militar russo, morto (não operativo), chamado Kosmos 2251, colidiu com o Iridium 33, um satélite de comunicações ativo operado pela empresa de telecomunicações Iridium, sediada nos EUA. Esse evento produziu uma nuvem massiva de quase 2.000 pedaços de detritos com quase 4 polegadas (10 centímetros) de diâmetro e milhares de pedaços ainda menores.
A visualização mostra a colisão acidental em fevereiro de 2009 entre o extinto Kosmos 2251 e os satélites de comunicação ativos Iridium 33, que criou milhares de fragmentos. Créditos: ESA
Conclusão
O consenso entre os cientistas é que o tráfego no espaço é um problema sério que precisa ser resolvido urgentemente. Embora ainda não haja uma conclusão unânime sobre o nível de risco e o momento exato em que o congestionamento no espaço pode chegar a um ponto sem retorno, a necessidade de ações imediatas é clara.
A recente manobra da espaçonave russa Progress MS-28 para evitar colisões com detritos espaciais na Estação Espacial Internacional (EEI) ilustra a gravidade do problema. Segundo Yuri Borisov, diretor-geral da corporação espacial russa Roscosmos, a órbita da EEI precisa ser ajustada de 16 a 20 vezes por ano para evitar esses objetos.
A descoberta e a análise contínua de detritos espaciais são cruciais para desenvolver estratégias eficazes de mitigação e garantir a segurança da exploração espacial no futuro.
Imagem Destacada: Imagem criada pelo Microsoft Copilot