- por Marcos Gimenez
- on 18/01/2025
Em uma missão inovadora, a sonda espacial Dawn da NASA forneceu insights sem precedentes sobre Vesta, o segundo maior corpo no cinturão de asteroides
Descoberto em 1807 por Wilhelm Olbers, Vesta não é apenas um asteroide comum, mas um protoplaneta, um remanescente do sistema solar inicial que poderia ter formado um planeta se a acreção tivesse continuado.
Dawn orbitou Vesta de julho de 2011 a setembro de 2012, revelando sua topografia complexa e estrutura interna. A superfície de Vesta é mais acidentada do que a da Lua ou Mercúrio, apresentando a enorme bacia de impacto Rheasilvia em seu polo sul. Esta bacia, com 505 quilômetros de extensão, ostenta um pico central com 20 quilômetros de altura, tornando-a uma das montanhas mais altas do sistema solar.
A missão confirmou o status de Vesta como um protoplaneta, possuindo um núcleo de ferro entre 214 e 226 quilômetros de diâmetro. Essa estrutura interna distingue Vesta de asteroides típicos, que geralmente são apenas rochas gigantes sem essa diferenciação. As medições espectrais da Dawn também ligaram Vesta aos meteoritos howardite-eucrite-diogenite (HED) encontrados na Terra, confirmando-o como seu corpo-mãe.
As características da superfície de Vesta incluem sulcos longos, como Divalia Fossa, que se estende ao redor de seu equador e, um arranjo único de crateras que lembram um boneco de neve. Essas descobertas destacam a história geológica dinâmica de Vesta e seu papel na compreensão da formação planetária.
A missão Dawn foi para Ceres
A missão da Dawn para Vesta e depois para o planeta anão Ceres exemplifica a contribuição da espaçonave para desvendar os mistérios dos primeiros dias do sistema solar, fornecendo uma janela para os processos que moldaram os corpos planetários bilhões de anos atrás.
Ceres é o maior corpo do Cinturão de Asteroides, localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter, no Sistema Solar. Características principais:
Características físicas
1. Diâmetro: aproximadamente 946 km.
2. Massa: 9,4 x 10^23 kg (0,00003% da Terra).
3. Composição: Rochas, gelo e minerais.
4. Superfície: Craterizada, com regiões planas e montanhosas.
O significado de Vesta ser classificado como um protoplaneta
Vesta ser classificado como um protoplaneta significa que ele não é meramente uma grande rocha como a maioria dos asteroides, mas tem uma estrutura interna diferenciada, semelhante à de um planeta. Isso significa que Vesta tem camadas distintas, incluindo um núcleo de ferro, que é uma característica de corpos planetários que passaram por processos de acreção e diferenciação durante sua formação. A classificação de Vesta como um protoplaneta indica que ele poderia ter se desenvolvido em um planeta completo se o processo de acreção tivesse continuado. Essa estrutura interna diferencia Vesta de asteroides típicos, que são geralmente mais homogêneos.
O papel dos protoplanetas na formação dos sistemas solares
Os protoplanetas desempenham um papel crucial na formação de sistemas solares. Eles são formados a partir da coalescência de corpos menores conhecidos como planetesimais, que se originam da acreção de poeira e gás em um disco protoplanetário ao redor de uma estrela jovem. À medida que esses planetesimais colidem e se fundem sob a influência da gravidade, eles formam corpos maiores chamados protoplanetas. Esses protoplanetas são os blocos de construção dos planetas em um sistema solar.
No início do sistema solar, o processo de acreção levou à formação de protoplanetas, que eventualmente se tornaram os planetas que observamos hoje. A composição e o tamanho desses protoplanetas variavam dependendo de sua distância do Sol nascente. Mais perto do Sol, onde as temperaturas eram mais altas, os protoplanetas se formaram a partir de planetesimais rochosos, levando à criação de planetas terrestres como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Mais longe, onde era mais frio, os protoplanetas foram capazes de incorporar mais gelo e gases, formando os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno, bem como os gigantes de gelo Urano e Netuno.
As interações gravitacionais entre protoplanetas e com o material do disco circundante também desempenharam um papel significativo na formação da arquitetura do sistema solar, influenciando as órbitas e posições finais dos planetas. Além disso, alguns protoplanetas que não se tornaram planetas podem ter contribuído para a formação de luas ou permanecido como grandes asteroides ou planetas anões.
Conclusão
As observações da Dawn também confirmaram que Vesta é a fonte dos meteoritos howardite-eucrite-diogenite (HED) encontrados na Terra, ligando-os diretamente ao material que fornece pistas sobre o início do sistema solar. O mapeamento detalhado da superfície de Vesta pela espaçonave, incluindo suas grandes bacias de impacto e topografia variada, contribuiu para nossa compreensão dos processos que moldaram o início do sistema solar.
Portanto, Vesta serve como uma janela para o sistema solar primitivo, oferecendo conhecimentos sobre os processos de diferenciação planetária e as condições que existiam durante o tempo de formação do planeta. Os dados da Dawn aumentaram nossa compreensão dos protoplanetas e seu potencial para evoluir para planetas, destacando a importância de Vesta no contexto mais amplo da evolução do sistema solar.
Para aprofundar conhecimentos e compreender como há sulcos provocados por líquido na superfície de Vesta, uma experiência foi realizada em laboratório da NASA. A companhe no link: https://www.jpl.nasa.gov/news/lab-work-digs-into-gullies-seen-on-giant-asteroid-vesta-by-nasas-dawn/
Imagem Destacada: A sonda espacial Dawn da NASA capturou esta imagem de Vesta quando ele deixou a órbita do asteroide gigante em 2012. A câmera de enquadramento estava olhando para o polo norte, que está no meio da imagem. Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA
Fonte: NASA: https://www.jpl.nasa.gov/
Britannica: https://www.britannica.com/