- por Marcos Gimenez
- on 20/02/2025
A galáxia LEDA 1313424, apelidada de “Bullseye”, exibe uma estrutura única após ser atravessada por uma galáxia anã azul, criando ondulações estelares que desafiam a compreensão astronômica
O Telescópio Espacial Hubble da NASA capturou imagens impressionantes da galáxia LEDA 1313424, que exibe nove anéis concêntricos repletos de estrelas. Esse fenômeno raro foi desencadeado por uma colisão cósmica, quando uma galáxia anã azul atravessou o coração da “Bullseye” há cerca de 50 milhões de anos. A descoberta, que inclui oito anéis visíveis no Hubble e um nono confirmado pelo Observatório WM Keck, no Havaí, oferece novas perspectivas sobre a dinâmica das galáxias e a formação de estrelas.
A galáxia LEDA 1313424, agora carinhosamente apelidada de “Bullseye” (alvo), chamou a atenção dos astrônomos por sua estrutura incomum. Com nove anéis visíveis, ela supera todas as galáxias conhecidas, que normalmente apresentam no máximo dois ou três anéis. A descoberta foi feita quase por acaso por Imad Pasha, aluno de doutorado na Universidade de Yale, que se deparou com a imagem da galáxia durante uma revisão de dados de telescópios terrestres.
“Foi uma descoberta fortuita”, disse Pasha. “Quando vi uma galáxia com múltiplos anéis claros, fui imediatamente atraído por ela. Tive que parar para investigá-la.”
As observações do Hubble e do Observatório Keck revelaram que os anéis foram formados após uma galáxia anã azul, muito menor, atravessar o centro da Bullseye em linha reta, como uma flecha. Esse evento cósmico, ocorrido há cerca de 50 milhões de anos, criou ondulações no gás e na poeira da galáxia, desencadeando a formação de novas estrelas e resultando nos impressionantes anéis visíveis hoje.
Atualmente, a galáxia anã azul está localizada a 130.000 anos-luz da Bullseye, mas uma fina trilha de gás ainda conecta as duas, evidenciando a colisão passada. “Estamos capturando o Bullseye em um momento muito especial no tempo”, explicou Pieter G. van Dokkum, coautor do estudo e professor em Yale. “Há uma janela muito estreita após o impacto quando uma galáxia como essa teria tantos anéis.”
Tamanho e Complexidade da Bullseye
A Bullseye é uma galáxia gigantesca, com cerca de 250.000 anos-luz de diâmetro — mais que o dobro do tamanho da Via Láctea, que tem aproximadamente 100.000 anos-luz. Os anéis, no entanto, são tão complexos e sobrepostos que sua localização precisa só pôde ser mapeada graças à resolução excepcional do Hubble. “Isso teria sido impossível sem o Hubble”, destacou Pasha.

Além dos nove anéis confirmados, os pesquisadores suspeitam da existência de um décimo anel, que pode estar três vezes mais distante do que o anel mais largo detectado. No entanto, ele já não é mais visível, possivelmente dissipado ao longo do tempo.

Conclusão
A descoberta da Bullseye e seus nove anéis é um testemunho da complexidade e da beleza do universo. Essa galáxia não apenas desafia as teorias astronômicas atuais, mas também oferece uma rara oportunidade de estudar os efeitos de colisões galácticas em detalhes sem precedentes. Com o Hubble e outros telescópios de ponta, os astrônomos continuam a desvendar os segredos do cosmos, revelando fenômenos que inspiram tanto a ciência quanto a imaginação.
Imagem Destacada: LEDA 1313424, apropriadamente apelidada de Bullseye, tem duas vezes e meia o tamanho da nossa Via Láctea e tem nove anéis — seis a mais do que qualquer outra galáxia conhecida. Créditos: NASA, ESA, Imad Pasha (Yale), Pieter van Dokkum (Yale)
Fonte: https://science.nasa.gov/missions/hubble/hubble-investigates-galaxy-with-nine-rings/