- por Marcos Gimenez
- on 26/04/2025
Porta-voz do Kremlin alerta para “Fake News” na cobertura das tratativas e pede que público confie apenas em fontes oficiais de Moscou
Falando Sério!
Em meio a relatos conflitantes sobre os termos de um possível acordo de paz para a Ucrânia, os Estados Unidos e a Rússia marcaram uma nova reunião de negociações para os próximos dias, com mediação do enviado especial norte-americano Steve Witkoff. O Kremlin, porém, acusou veículos internacionais de disseminar “Fake News” sobre as tratativas e insistiu que apenas declarações oficiais de Moscou devem ser consideradas confiáveis. A tensão aumenta enquanto a Ucrânia rejeita propostas que envolvem concessões territoriais e a Europa alerta para riscos à segurança continental.
O cenário das negociações
As tratativas entre EUA e Rússia ganharam urgência após o secretário de Estado americano, Marco Rubio, ameaçar abandonar o processo caso não haja avanços “em dias”. O enviado Steve Witkoff, que já se reuniu três vezes com Vladimir Putin em 2025, destacou que as discussões envolvem “cinco territórios”, 1/5 da Ucrânia, possivelmente, Crimea, Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, além de garantias de segurança e a exclusão da Ucrânia da OTAN. A Rússia insiste no reconhecimento de suas anexações, enquanto os EUA propõem um cessar-fogo congelando as linhas de frente atual, ideia inicialmente rejeitada por Kiev.
A guerra de narrativas
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou veículos como o Financial Times por relatar que Putin ofereceu “parar o conflito na linha de frente atual”, classificando a informação como “Fake News”. Ele exigiu que o público confie apenas em fontes oficiais russas, como a RIA Novosti, e lembrou que o diálogo com Washington é “complicado”. Enquanto Witkoff descreveu as conversas como “convincentes” e próximas de um “marco global”, o chanceler russo Sergei Lavrov admitiu que um acordo é “difícil” devido a divergências estruturais.
A posição ucraniana e a pressão ocidental
O presidente Volodymyr Zelenskyy rejeitou publicamente qualquer reconhecimento da Crimeia como território russo, conforme proposto pelos EUA, afirmando que isso violaria a constituição ucraniana. A Ucrânia condicionou um cessar-fogo à retirada total das tropas russas das fronteiras pré-2014, exigência descartada por Moscou. Enquanto isso, a Europa teme que concessões territoriais enfraqueçam a segurança continental. Líderes como Emmanuel Macron (França) e Keir Starmer (Reino Unido) defendem o envio de tropas para garantir acordos pós-guerra, ideia rejeitada pelo Kremlin.
Os interesses dos EUA e a sombra de Trump
Donald Trump, que prometeu encerrar a guerra “em 24 horas” durante sua campanha, pressiona por um acordo rápido, vinculando ajuda militar à Ucrânia a direitos sobre minerais estratégicos, como terras raras. A Casa Branca também condicionou a retomada de inteligência e armamentos à aceitação do cessar-fogo proposto, medida que dividiu aliados europeus. Analistas apontam que a estratégia de Trump visa consolidar uma vitória diplomática. Para consolidar seu objetivo, o governo dos EUA assume o risco de afastar parceiros tradicionais.
O que esperar dos próximos dias
A próxima rodada de negociações, ainda sem data confirmada, deve ocorrer em um país neutro, possivelmente na Arábia Saudita, que já mediou conversas anteriores, ou em São Petersburgo, como ocorreu em 11 de abril de 2025. Enquanto a Rússia aguarda “sinais claros” de flexibilidade dos EUA, a Ucrânia busca garantias de segurança de longo prazo. O temor de um acordo apressado, porém, persiste. Autoridades europeias (alguns membros da OTAN: Reino Unido e França) alertam que Moscou pode usar uma trégua para reforçar posições militares, prolongando o conflito.
Conclusão
Enquanto as potências negociam nos bastidores, a população ucraniana sofre com ataques diários. Nesta terça-feira (22/04), Zelensky denunciou bombardeios russos que mataram civis em Sumy, enquanto a Rússia acusou Kiev de atacar a região de Kursk com drones. Em um cenário de desinformação e tensões crescentes, a busca por paz parece tão complexa quanto a própria guerra.
Imagem Destacada: Vladimir Putin, Presidente da Rússia se encontra com Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos EUA, em 11 de abril de 2025, em São Petersburgo, Rússia.
Créditos: Site oficial do Presidente da Rússia/
Fontes:
https://ria.ru/20250422/peskov-2012849237.html
https://www.reuters.com/world/europe/ukraine-presses-ceasefire-russia-reported-offer-concession-2025-04-22/