- por Marcos Gimenez
- on 23/05/2025
Putin celebra tropas norte-coreanas como “irmãos de armas” após ofensiva em Kursk
Trump critica apoio de Biden a Zelensky e sinaliza revisão da política externa dos EUA
Falando Sério!
A participação confirmada de soldados norte-coreanos na guerra da Ucrânia, aliada à pressão do presidente norte-americano Donald Trump por um acordo que favoreça a Rússia, redefine os rumos do conflito em 2025. Enquanto Moscou comemora a “libertação” da região de Kursk com apoio de Pyongyang, Trump acusa a administração Biden e europeus de prolongarem a guerra para enfraquecer a Rússia, sinalizando uma ruptura na estratégia ocidental.
A Coreia do Norte na linha de frente: números e estratégias
Pela primeira vez, Rússia e Coreia do Norte reconheceram oficialmente o envio de tropas norte-coreanas para o conflito. Segundo fontes ocidentais, Pyongyang já enviou 14 mil soldados desde outubro de 2024, dos quais cerca de 5 mil foram mortos ou feridos. As unidades atuaram em Kursk, onde ajudaram a expulsar forças ucranianas em operações coordenadas com drones FPV e artilharia russa. Vídeos divulgados pelo Kremlin mostram treinamento conjunto em táticas de assalto modernas, incluindo o uso de pequenas unidades móveis, adaptação crítica em um cenário onde grandes ofensivas fracassaram.
A aliança Moscou-Pyongyang: “Irmãos de armas” e interesses estratégicos
Putin classificou a parceria como “sagrada”, citando o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente (2024), que prevê defesa mútua. Em troca, a Rússia fornece tecnologia militar, como sistemas de drones e mísseis supersônicos, modernizando o arsenal norte-coreano. Kim Jong-un, por sua vez, declarou o envio de tropas como “missão histórica”, reforçando seu papel como peça-chave no tabuleiro geopolítico. Analistas apontam que a Coreia do Norte busca alívio nas sanções internacionais e acesso a recursos energéticos russos, enquanto Moscou preenche lacunas de mão de obra em meio à mobilização forçada de jovens.
Trump, Putin e o colapso do consenso ocidental
A eleição de Donald Trump em 2024 alterou radicalmente o cenário: o presidente norte-americano critica o apoio de Biden à Ucrânia, afirmando que “Zelensky e europeus criaram a guerra para enfraquecer a Rússia”. Em declarações à Time, Trump sugeriu cortar financiamento militar a Kyiv e descartou a adesão ucraniana à OTAN, alinhando-se às demandas de Putin por “neutralidade” do país. Sua aproximação com Moscou, porém, divide a OTAN: países como Polônia e Alemanha alertam para riscos de um acordo apressado que legitime anexações russas.
O desgaste ucraniano e o futuro da guerra
A Ucrânia enfrenta escassez de tropas e equipamentos, dependendo de doações ocidentais de sistemas de defesa aérea e munições inteligentes. Apesar disso, Zelensky mantém retórica belicista, prometendo “libertar todas as terras ocupadas”. Analistas, porém, apontam que a estratégia russa de atrito, somada à entrada norte-coreana, está minando a resistência ucraniana. Em Donbas, tropas russas avançam 1-2 km/dia, consolidando o controle sobre cidades-chave como Avdiivka.
Conclusão
A guerra na Ucrânia entrou em uma fase crítica, onde alianças improváveis e mudanças na liderança global redefinem os equilíbrios de poder. Enquanto a Rússia amplia sua rede de parcerias (Irã, Coreia do Norte), os EUA de Trump sinalizam um pragmatismo que pode isolar a Europa e forçar Kyiv a concessões territoriais. Para Putin, a vitória já não depende apenas de tanques, mas da capacidade de transformar o conflito em um “novo status quo” aceitável para o Ocidente. Como resume o analista Héctor Saint-Pierre: “A paz, hoje, seria a rendição da Ucrânia; a guerra, seu desaparecimento”.
Imagem Destacada: Negociações russo-norte-coreanas, ocorreu no porto russo de Vladivostok , no Pacífico , perto da fronteira entre a Coreia do Norte e a Rússia em
25 de abril de 2019. Créditos: Gabinete de Imprensa e Informação Presidencial/Rússia.
Fontes:
https://sputnikglobe.com/20250430/north-korean-army-revolution-1121959687.html
https://www.rt.com/russia/616572-brothers-in-arms-pyongyang-moscow/
https://www.bbc.com/news/articles/ckg25wxvpy2o