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Tarifa sobre Filmes vira Piada na Câmara Britânica e Risco Geopolítico é Grande

 

Reino Unido minimiza ameaça de tarifa de 100%, mas indústria cinematográfica global teme guerra comercial que pode reescrever as regras da cultura e da economia

 

Falando Sério!

Enquanto o governo britânico adota uma postura de “calma e firmeza” diante da proposta de Donald Trump de taxar filmes estrangeiros em 100%, a Câmara dos Comuns transformou o debate em arena de sarcasmo, citando James Bond e o Urso Paddington como “armas” simbólicas contra o protecionismo americano. Por trás do humor, porém, esconde-se um conflito que ameaça desestabilizar coproduções bilionárias e redefinir o poder soft power global.

A Resposta Britânica: Entre a Diplomacia e o Deboche

O ministro da Cultura do Reino Unido, Chris Bryant, classificou a proposta de Trump como “fluida” e admitiu não compreender como uma tarifa seria aplicada a “serviços” como filmes, que não são mercadorias físicas. A declaração reflete a perplexidade jurídica: a Organização Mundial do Comércio (OMC) isenta bens digitais de tarifas até 2026, e filmes são majoritariamente distribuídos via streaming ou direitos autorais, não contêineres.

Enquanto isso, políticos britânicos usaram o sarcasmo como escudo. Ed Davey, líder dos Liberais Democratas, brincou: “Se Trump brigar com James Bond, Bridget Jones e o Urso Paddington, ele perderá”: uma referência a franquias filmadas no Reino Unido com investimento americano, como 007 (Pinewood Studios) e Paddington (que gerou US$ 45 milhões nos EUA em 2024).

O Núcleo do Conflito: O Que Define um “Filme Americano”?

A ambiguidade da proposta de Trump é estratégica. Se aplicada a produções de estúdios dos EUA filmadas no exterior, como Gladiador II (Reino Unido) ou Missão Impossível (global), a medida prejudicaria a própria Hollywood, que depende de incentivos fiscais estrangeiros para reduzir custos. O Reino Unido, por exemplo, oferece até 25% de reembolso em gastos de produção, atraindo blockbusters como Barbie e Wonka, que injetaram £80 milhões na economia local.

Já, se a tarifa visar apenas filmes estrangeiros (não americanos), o impacto seria menor, mas ainda simbólico: o mercado dos EUA representa apenas 2% da receita de sucessos chineses como Ne Zha 2, mas é vital para produções indianas e sul-coreanas, como Parasite (US$ 53,8 milhões nos EUA).

Retaliações em Cena: O Risco de uma Guerra Cultural

Países como Austrália e Canadá já sinalizaram medidas de defesa. Tony Burke, ministro australiano, prometeu “defender inequivocamente” sua indústria, enquanto o primeiro-ministro neozelandês Christopher Luxon afirmou ser “um grande campeão” do setor. Uma resposta comum poderia ser taxar filmes americanos, o que afetaria Hollywood, que tem superávit comercial de US$ 15,3 bilhões com o exterior.

Além disso, a China, que já reduziu cotas de filmes americanos em abril de 2025, pode usar a tarifa como pretexto para ampliar barreiras, estrangulando um mercado que representa 30% da receita global de blockbusters como Vingadores.

O Impacto em Hollywood: Autotiro ou Revitalização?

Trump alega que a medida “salvará” Hollywood, mas a indústria americana está dividida. Enquanto estúdios independentes temem custos mais altos, gigantes como Disney e Netflix poderiam migrar produções para estados com incentivos fiscais nos EUA, como Geórgia e Novo México. Porém, simular locações estrangeiras nos EUA sairia caro: reconstruir o Coliseu em Nevada ou o Burj Khalifa no Texas exigiria orçamentos astronômicos, como visto em Gladiador II (US$ 300 milhões).

Conclusão

A “Operação Tarifa” de Trump é menos sobre cinema e mais sobre narrativa política. Ao vincular filmes estrangeiros a “ameaças à segurança nacional”, ele resgata a retórica da Guerra Fria, onde cultura e ideologia são armas. O risco, porém, é real: ao minar cooperações como a entre Pinewood Studios e Hollywood, os EUA podem isolar sua indústria cultural, enfraquecendo seu soft power em um momento em que a Coreia do Sul (com Parasite) e a Índia (com Bollywood) ascendem como potências narrativas globais.

Enquanto a Grã-Bretanha ri, o mundo aguarda. Se Trump insistir nessa trama, o verdadeiro vilão pode não ser 007, mas a própria fragmentação de uma indústria que, por décadas, uniu continentes por meio das telas. Como alertou o crítico Jason Bailey: “Tarifas sobre filmes são barreiras não só a produtos, mas a ideias”. E nessa guerra, todos podem sair perdendo, menos, talvez, o streaming pirata.

Imagem Destacada: 007 JAMES BOND – Divulgação: https://www.goodfon.com/films/wallpaper-download-1920×1080-007-spectre-james-bond-shpion.html

Fonte:

https://www.politico.eu/article/donald-trump-vs-james-bond-britain-shrug-off-united-states-threat-tariff-movie/

Marcos Gimenez

Marcos Gimenez Queiroz é Publicitário, Redator, Roteirista, Professor das Disciplinas RTV e Cinema, Professor Graduado em Letras Português e Espanhol pela PUC-SP e Diretor do GapingNews.com

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