- por Marcos Gimenez
- on 06/04/2025
Após 53 anos em Órbita Terrestre, Módulo Projetado para Vênus Sobrevive à Reentrada
A sonda Kosmos 482, lançada pela União Soviética em 1972 para explorar Vênus, reentrou na atmosfera da Terra e caiu no Oceano Índico no dia 10 de maio de 2025, conforme confirmado pela agência espacial russa Roscosmos. O objeto, que pesa cerca de 500 kg e possui estrutura robusta em titânio, estava preso em órbita terrestre desde uma falha técnica ocorrida durante o lançamento. A queda ocorreu a oeste de Jacarta, na Indonésia, sem relatos de danos ou detritos recuperados.
A Kosmos 482 integrava o programa Venera, ambiciosa iniciativa soviética para estudar Vênus entre 1961 e 1983. Sua missão era transportar um módulo de pouso equipado com instrumentos científicos, como espectrômetro de raios gama e sensores atmosféricos. No entanto, um defeito no foguete impediu que a sonda deixasse a órbita terrestre, condenando-a a vagar pelo espaço por mais de cinco décadas.
Especialistas alertaram que, devido ao design resistente, capaz de suportar a atmosfera venusiana, 90 vezes mais densa que a terrestre, a cápsula poderia atingir o solo intacta, a velocidades de até 242 km/h. Apesar disso, a Roscosmos destacou que a queda no oceano reduziu riscos significativos. A localização exata do impacto ainda é desconhecida e, o Tratado do Espaço Exterior de 1967 assegura que os destroços permaneçam propriedade da Rússia.
O episódio reacendeu discussões sobre lixo espacial. Atualmente, milhares de objetos inativos orbitam a Terra e reentradas descontroladas, embora comuns, preocupam agências. Jonathan McDowell, astrofísico de Harvard, ressaltou que a Kosmos 482 era uma exceção perigosa: “Um objeto de meia tonelada caindo sem controle poderia ter consequências graves”.
Conclusão
A queda da Kosmos 482 simboliza o legado tecnológico da Guerra Fria e os desafios contemporâneos da exploração espacial. Enquanto a Rússia planeja retomar missões a Vênus com o programa Venera-D, o incidente serve como alerta para a necessidade de regulamentação mais rigorosa sobre detritos orbitais. Como afirmou Marlon Sorge, especialista da Aerospace Corporation: “Tudo o que sobe tem que descer. O que lançamos hoje pode nos afetar por décadas”.
Imagem Destacada: Maquete (1:1) da cápsula Venera 4 no Museu Memorial de Astronáutica (Moscou)/Autor: Armael
Fonte: https://www.rt.com/russia/617346-ussr-spacecraft-falls-ocean/