- por Marcos Gimenez
- on 24/01/2025
Estudo revela que condições necessárias para o surgimento da vida estavam presentes no sistema solar primitivo
A NASA anunciou uma descoberta significativa em seu estudo das amostras do asteroide Bennu, coletadas pela sonda espacial OSIRIS-REx. Os cientistas encontraram moléculas essenciais para a vida, incluindo aminoácidos e nucleobases, que são os blocos de construção da vida.
A equipe de cientistas da NASA e de outras instituições analisou as amostras de Bennu e descobriu uma variedade de moléculas orgânicas, incluindo 14 dos 20 aminoácidos que a vida na Terra usa para produzir proteínas. Além disso, os cientistas encontraram todas as cinco nucleobases que a vida na Terra usa para armazenar e transmitir instruções genéticas em biomoléculas terrestres mais complexas, como DNA e RNA.
Os resultados dessas análises foram publicados em dois artigos nos periódicos Nature e Nature Astronomy. No artigo publicado na Nature Astronomy, os cientistas descrevem a detecção de aminoácidos e nucleobases nas amostras de Bennu. Já no artigo publicado na Nature, os cientistas descrevem a análise dos minerais presentes nas amostras de Bennu, que sugerem que o asteroide teve um ambiente antigo bem adequado para dar o pontapé inicial na química da vida.
Os cientistas também descobriram abundâncias excepcionalmente altas de amônia nas amostras de Bennu, o que é importante para a biologia porque pode reagir com formaldeído para formar moléculas complexas, como aminoácidos.
Além disso, a equipe de cientistas encontrou evidências de um ambiente antigo bem adequado para dar o pontapé inicial na química da vida. Os cientistas identificaram traços de 11 minerais na amostra de Bennu que se formam à medida que a água contendo sais dissolvidos evapora ao longo de longos períodos de tempo.
Outra descoberta interessante foi a presença de pares de aminoácidos esquerdo e direito nas amostras de Bennu. Muitos aminoácidos podem ser criados em duas versões de imagem espelhada, como um par de mãos esquerda e direita. A vida na Terra produz quase exclusivamente a variedade canhota, mas as amostras de Bennu contêm uma mistura igual de ambas. Isso significa que na Terra primitiva, os aminoácidos podem ter começado em uma mistura igual também. A razão pela qual a vida “virou para a esquerda” em vez de para a direita continua sendo um mistério.
Depreendemos que as descobertas da NASA sugerem que as condições necessárias para o surgimento da vida estavam presentes no sistema solar primitivo, aumentando as chances de que a vida pudesse ter se formado em outros planetas e luas. A missão OSIRIS-REx da NASA continua a fornecer novas descobertas e insights sobre a origem da vida no sistema solar.
Para ampliar conhecimentos:
Asteroide Bennu, um breve histórico sobre esse fascinante corpo celeste:
Descoberta
O asteroide Bennu foi descoberto em 11 de setembro de 1999, pelo astrônomo americano Laurence Molnar, utilizando o telescópio da Estação de Observação de Lowell, no Arizona, EUA.
Nome
O asteroide foi inicialmente chamado de 1999 RQ36. Em 2013, foi renomeado para Bennu, em homenagem a uma ave mitológica egípcia que simboliza a renovação e a ressurreição.
Características
Bennu é um asteroide carbonáceo, com um diâmetro de aproximadamente 490 metros. Ele é um remanescente do início do sistema solar, com uma idade estimada de cerca de 4,5 bilhões de anos.
Órbita
Bennu orbita o Sol a uma distância média de cerca de 140 milhões de quilômetros. Ele é um asteroide potencialmente perigoso, pois sua órbita o leva a passar perto da Terra a cada 6 anos.
Missão OSIRIS-REx
Em 2016, a NASA lançou a missão OSIRIS-REx, com o objetivo de coletar amostras de Bennu e trazê-las de volta à Terra para análise. A sonda espacial OSIRIS-REx alcançou Bennu em 2018 e coletou amostras em outubro de 2020. As amostras foram trazidas de volta à Terra em setembro de 2023.
Acesse os links abaixo para ler os artigos publicados nos periódicos Nature Astronomy e Naturre
https://www.nature.com/articles/s41550-024-02472-9
https://www.nature.com/articles/s41586-024-08495-6
Imagem Destacada: Neste quadro de vídeo, Jason Dworkin segura um frasco que contém parte da amostra do asteroide Bennu entregue à Terra pela missão OSIRIS-REx (Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos e Segurança – Regolith Explorer) da NASA em 2023. Dworkin é o cientista do projeto da missão no Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. Crédito: NASA/James Tralie
Fonte: https://www.nasa.gov/news-release/nasas-asteroid-bennu-sample-reveals-mix-of-lifes-ingredients/